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Hierdebréiwer & Messagen . Lettres pastorales & messages  
21 de Fevereiro de 2021

Lançar à Fé um novo olhar pleno de alegria

Carta Pastoral para a Quaresma de 2021

Caros irmãos e irmãs na Fé,

A pandemia tem dominado, desde março de 2020, o nosso mundo com altos e baixos. A situação em torno do Coronavírus continua a fazer a primeira página dos jornais, afetando quase todas as atividades e todos os estratos da sociedade e, claro, também a Igreja. A nossa atenção e as nossas orações vão sobretudo para as pessoas vulneráveis que estão nos hospitais, nos lares, nas casas de saúde, não esquecendo também as pessoas que vivem em situações precárias, especialmente os refugiados, os desempregados e os sem-abrigo.

Esta pandemia levanta também a questão da sobrevivência desta forma de Igreja que até agora temos conhecido no Luxemburgo. A vida das paróquias sofreu um colapso considerável. Devido às restrições sanitárias, a catequese só em parte pôde ser realizada de forma satisfatória. Os nossos coros, e todas as outras associações católicas, estão consideravelmente entravados nas suas atividades tão preciosas para a vida da Igreja. Todos nós sofremos com esta situação. Mas não nos devemos resignar. Juntos, vamos olhar mais longe e mais fundo. Não percamos de vista o que é essencial nas nossas vidas como cristãos: a nossa união a Jesus Cristo. O início da Quaresma é um momento privilegiado para pôr em prática esse vínculo, em Igreja. Comecemos então esta Quaresma como um tempo favorável para lançar à Fé um novo olhar pleno de alegria.

A Igreja “em saída”

No início da sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco dirigiu-nos estas palavras: “Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo” (EG 3). Se pusermos em prática este pedido do Papa, no início de cada dia, pessoalmente e como Igreja pode ocorrer uma nova dinâmica nos próximos 40 dias. Todos sabemos que a Igreja está numa mutação profunda. Com Jesus Cristo teve início algo completamente novo: «Jamais um homem falou assim» (Jo. 7,46). Mais, nunca um homem fez o que Ele fez: curou os cegos, purificou os leprosos, Ele venceu a morte. Se nós próprios renovarmos todos os dias o nosso encontro pessoal com Cristo, estou convencido de que Cristo será capaz de levar a cabo, por nós e através de nós, a renovação da Fé.
É isto que a Igreja nos convida a fazer durante a Quaresma: lançar um novo olhar sobre a mensagem da vida de Jesus Cristo, meditar sobre a sua morte e ressurreição e celebrá-las alegremente.
Numa tal união com Cristo, percebemos que não podemos ficar parados, tal como Ele não ficou parado: «Vamos a outros lugares, às aldeias da vizinhança, a fim de pregar também ali, pois foi por isso que saí» (Mc. 1,38). Ao levarmos a sério o exemplo de Jesus, avançamos com Ele, e tornamo-nos uma «Igreja em saída», tal como deseja o Papa Francisco. Uma comunidade de discípulos missionários que tomam a iniciativa de ir ao encontro do outro; uma comunidade que se compromete no nosso mundo especialmente ao serviço dos mais desfavorecidos; uma comunidade que acompanha tudo o que é importante para as mulheres e homens deste tempo e que dará frutos de vida; uma comunidade que se encontra para celebrar com alegria a liturgia e dela retira força e inspiração para avançar.

Uma Igreja que todos os dias escolhe honestamente seguir Cristo não está prestes a morrer. Que a exortação «Convertei-vos e acreditai no Evangelho» da Quarta-feira de Cinzas nos encoraje a ousar fazer um novo começo, na alegria do Evangelho.

São José, unido a Deus e cheio de ternura para com os outros

Para avançarmos no caminho de conversão, proponho-vos, caros irmãos e irmãs, que olhemos para São José. Ele é, por assim dizer, um dos primeiros discípulos de Jesus, juntamente com Maria, sua esposa. Seguindo o seu exemplo, que não pode ser separado do de Maria, podemos compreender melhor o que significa «lançar um novo olhar sobre a Fé». Judeu praticante, José foi surpreendido pela mensagem do anjo num sonho que lhe disse que a criança concebida por Maria, sua noiva, era obra do Espírito Santo.

José sonhava com Deus porque o seu coração estava cheio da presença de Deus, e assim podia escutar a Sua voz. Na Bíblia, como em muitas culturas da Antiguidade, o sonho é considerado um dos meios pelos quais Deus revela a sua vontade. O coração de José não estava cheio de si mesmo. Não estava centrado nele, mas tinha disponibilidade para Deus e para aqueles que viviam à sua volta, sobretudo para Maria, que também tinha ouvido a voz de Deus. Ambos tiveram de renovar a fé porque escutaram a Boa Nova, de que Deus se fez homem na pessoa de Jesus Cristo, concebido do Espírito Santo, nascido da Virgem Maria. Com o coração cheio do amor de Deus, José podia regozijar-se com Maria pela mudança que tinha chegado às suas vidas: «A minha alma glorifica ao Senhor”. Cheio de amor e ternura, José acolheu Maria como sua esposa, de acordo com a missão recebida num sonho, e deu ao filho adotivo, a quem amava ternamente, o nome de Jesus, que quer dizer,»Deus salva".

São José, pai e operário

Num segundo sonho, Deus disse a José: «Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egipto» (Mt. 2,13). José partiu sem demora, assumindo a responsabilidade como pai e protegendo a família do perigo ameaçador. Não é, portanto, um «sonhador», mas um verdadeiro homem de ação. Podemos invocá-lo em caso de perigo, e, de acordo com uma bela e antiga tradição, para termos uma boa morte, mas também lhe podemos recorrer em todos os perigos relacionados com a pandemia.

São José é também um carpinteiro que trabalha com as mãos e ganha, assim, honestamente o dinheiro para sustentar a família. Numa altura em que o desemprego e as preocupações com o emprego ganham importância, começamos também a ter uma consciência mais sensível da importância do trabalho e da dignidade que este confere. O meu pensamento vai para os profissionais de saúde, mas também para os inúmeros profissionais e voluntários que, dia após dia, realizam fielmente o seu trabalho na sociedade e na Igreja. São José pode ser um modelo, um guia, um intercessor e um protetor. S. José recorda-nos que aqueles que trabalham com discrição, e normalmente se encontram em segundo plano, têm um papel insubstituível a desempenhar tanto na história da salvação como na luta contra a atual pandemia.

Protector Ecclesiae Luxemburgensis

Neste ano de São José, gostaria de confiar a São José, em particular, a Igreja que se reúne no Luxemburgo. O Beato Papa Pio IX elevou-o à categoria de patrono da Igreja Católica há 150 anos. Assim sendo, desde a fundação da nossa diocese em 1870, há também 150 anos, que estamos sob a proteção de São José. Neste tempo de pandemia, dirijamos as nossas preces a José e a Maria, a padroeira da cidade e do país, pedindo-lhes especialmente por todos aqueles que precisam de consolo na aflição, na angústia, no desespero. Rezemos também pela nossa Igreja, para que não resvalemos para a resignação ou isolamento, mas que saiamos para o exterior para partilhar, com todos os homens, o nosso tesouro que é o Evangelho.

Gostaria de concluir com uma oração do Papa Francisco dirigida a São José. Que ele obtenha para nós a graça da conversão, tão necessária para avançar com uma fé renovada na alegria do Evangelho:

Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.
Ó Bem-aventurado José,
mostrai-vos pai também para nós
e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal.
Amém.

Luxemburgo, 11 de fevereiro de 2021, na festa de Nossa Senhora de Lourdes.

+ Jean-Claude Cardinal Hollerich
Arcebispo do Luxemburgo

Lançar à Fé um novo olhar pleno de alegria
Carta Pastoral para a Quaresma de 2021

Esta carta pastoral deve ser lida durante as assembleias dominicais do 1º domingo da Quaresma de 2021.

 
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